Já ouviu falar em Corrie Ten Boom? Creio que muitas pessoas já ouviram algo sobre esta ilustre figura holandesa! Corrie, nasceu em 1892 e faleceu em 1983. Durante sua vida, Corrie testemunhou os horrores da segunda guerra mundial, sendo que ela mesma ajudou a salvar muitos judeus dos campos de concentração, não somente ela, mas sua família. Entretanto, Corrie não somente ajudou a salvar judeus, mas foi presa, sofrendo na própria pele as atrocidades físicas e psicológicas dos campos de concentração!
Pouco tempo depois da rendição da Alemanha, Corrie fora solta, todavia seu coração não estava livre, pois o “ódio” dominava-o, mediante tantos horrores que havia presenciado e sofrido pelos nazistas. O coração desta ilustre holandesa precisava de libertação, precisava ver-se livre do “ódio” que escravizava seu coração! Mas como poderia ela arrancar um sentimento do seu ser? Como poderia ser a própria libertadora do seu coração?
O tempo passou, até que Corrie “sentiu-se” livre daquele terrível sentimento de ódio que acompanhava-a, pois morava no seu ser. Então, ela começou a pregar sobre o “perdão” pois entendia que somente o perdão poderia curar as feridas abertas pela guerra em tantos países. Ela começou a pregar sobre o perdão na Holanda, França e também incrivelmente na Alemanha.
Certa vez, Correi fora convidada para falar na cidade de Munique, uma cidade alemã! Tente colocar-se no lugar dela, imaginando estar falando para um povo responsável por todos os absurdos da segunda guerra, mas lá estava ela para falar de perdão. Era um domingo, depois do culto, quando uma pessoa aproximou-se dela e disse:
– Então, já fui perdoado, Ten Boom? Estou aliviado pelo fato de Jesus perdoar todos os nossos pecados, como você acabou de dizer. Naquele instante, Corrie o reconheceu. Era o soldado que a forçara tomar banho nua com as outras prisioneiras, enquanto ele as observava e lhes falava palavras obscenas. Foi como se um filme rodasse em sua mente trazendo o terrível passado de volta.
A mão do seu torturador continuava estendida, aguardando o aperto de mão de Corrie, demonstrando que ela havia perdoado. Porém, mesmo após ter falado sobre perdão, a holandesa permanecia imóvel, sem fazer nenhum movimento, principalmente o mais importante, o de apertar a mão do ex soldado alemão, demonstrando-lhe que realmente estava perdoando-o. Havia sido fácil ter pregado sobre o perdão, mas e agora, quando precisava da prática?
A holandesa ficou indignada consigo mesma, pois como poderia ter pregado sobre o perdão, mas na verdade não conseguir perdoar de fato! Ela tinha certeza, até aquele momento, que já havia perdoado os alemães, que foram tão cruéis na segunda guerra mundial ( importante lembrar que nem todos os alemães apoiaram o nazismo). Lá estava ela, em pé, precisando apertar a mão do homem que outrora fora um nazista, mas seria capaz? Corrie então fez algo mais importante do que apertar a mão, orou em silêncio, pedindo para que o Senhor do perdão ajudasse-a: ” Jesus, eu não consigo perdoar a este homem! Por favor, me perdoe!”
O Senhor, perdoador, que na cruz intercedeu ao Pai pelo perdão, ouviu a voz silenciosa de Corrie, e ela verdadeiramente sentiu-se perdoada. Mas, perdoada do quê? Perdoado por não haver perdoado verdadeiramente! Somente depois de ter orado e conversado com o Senhor, é que Corrie sentiu e recebeu o perdão de Deus verdadeiro em seu coração que outrora carregava tanto ódio. Logo, ela estendeu a mão em direção ao seu inimigo e torturador, e sentiu um profundo amor e compaixão invadindo o seu ser. Ali, verdadeiramente havia acontecido uma libertação para o seu coração, o perdão invadiu o coração de Corrie, não permitindo que no mesmo lugar habitasse ainda habitasse o ódio. Houve libertação, não somente para aquele homem, mas também para si mesma. Estamos prontos para perdoar?
Fonte da história: Minha família, projeto de Deus, livro do autor Jaime Kemp, editora Betânia.