A teologia do farelo…

    Infelizmente vivemos numa época em que há muita “teologia do farelo”!!! Mas o que é teologia do farelo? A teologia do farelo é aquela teologia que olha a migalha, mas é incapaz de olhar o pão inteiro. A teologia do farelo olha um versículo, mas não olha o contexto. É aquele velho e mau costume de fazer doutrina ou sermão baseado apenas em um versículo, e pior ainda, é achar que isso é de Deus. Não nego que seja possível pregar lendo apenas um versículo, mas antes os pregadores precisam ler de maneira séria o contexto, para que não haja a utilização do texto sagrado apenas fala servir de pretexto.

     Vamos meditar em alguns exemplos, assim como  no evangelho de João 3.16, que assim nos diz: ” Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Logo alguns irão citar que Jesus estaria dizendo que a salvação é estendida para “todos”, pois, “Deus amou o mundo”. Mas é isso que Jesus está ensinando? É isso que o evangelho de João está ensinando? Ou na verdade é mais cômodo ensinar assim? Legal seria que fosse assim, mas o negócio é mais sério, e Jesus nunca quis esconder a verdade de ninguém…

     Veja bem, você sabe com quem Jesus está conversando quando cita este versículo? Alguns sequer sabem o contexto menor, imagine o maior…Para quem ele disse isso? O que Jesus havia afirmado antes deste versículo? O que ele afirma depois? O que todo o evangelho de João afirma? Tudo leva a crer que Jesus estaria dizendo que a salvação é estendida para todo o MUNDO?

     Observe que a conversa não começa isoladamente em João 3.16, mas sim, desde João 3.1, onde Jesus inicia uma conversa com Nicodemos, mestre da lei, que havia procurado Jesus a noite, para conversar sobre os feitos de Jesus. E Jesus começa a explicar sobre as questões espirituais, falando que é impossível que alguém entre no reino de Deus sem “TER NASCIDO DE NOVO”, observe João 3.5!!! Neste ponto surge uma pergunta bem interessante, feita por Nicodemos e estendida a todos nós: COMO PODEMOS NASCER DE NOVO? É por acaso possível que por nós mesmos possamos nascer de novo espiritualmente? Como um morto espiritual pode nascer de novo (Efésios 2.1)?

     O mais duro é que Jesus diz para Nicodemos que o vento sopra “ONDE QUER”, não “ONDE QUEREM”!!! O que ele queria dizer com isso? Por acaso não quer dizer que Deus faz nascer de novo, quem ele quer? Fica claro se observarmos o  versículo 8, quando Jesus faz uma afirmação muito dura para Nicodemos. Quem seria o homem ideal para nascer de novo, se isso dependesse da nossa própria vontade? Claro que o próprio Nicodemos…Mas onde você encontra que Jesus diz: “DEPENDE DE VOCÊ NICODEMOS”? Jesus poderia dizer aquele homem, você é mestre, sabe bastante, agora por sua vontade, creia.

     Olhe num contexto maior, como João 1.12, onde o evangelho  fala que filhos de Deus são aqueles que crêem no nome de Jesus. Todavia observe com atenção o versículo que vem logo abaixo do mesmo, que nos diz: “…os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, NEM DA VONTADE DO HOMEM, mas de Deus”. Por qual razão João estaria afirmando tal coisa, senão por causa da condição do homem, morto espiritualmente? Caso ainda não seja suficiente, olhe para João 6.37, 6.44 e 6.65, onde todos os versículos apontam que,  para um homem ir até Jesus, é preciso da ação de Deus.

     Bom é notar também o texto de João 17.9, que vem como um soco no estômago, pois Jesus ora e diz: É por eles que eu rogo; não rogo pelo MUNDO, mas por aqueles que me deste, porque são teus; – O que falar disso?Jesus não quer salvar o mundo? Mas se ele quer salvar o mundo, porque não roga pelo mundo? E porque diz que está rogando apenas por aqueles que o Pai lhe deu?

     Sei que muitas perguntas irão surgir, mas não faça a teologia do farelo, busque olhar para o pão!

     Pr. Edson do Prado Padilha

Categorias: Apologética | Tags: | 1 Comentário

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Uma opinião sobre “A teologia do farelo…

  1. Precisamos de mais expositores, o que da fato ainda faz diferença no nosso meio reformado para outras teologias, se é que podemos chamar assim

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